Desde sempre, a sabedoria dos avós sacia a curiosidade dos netos.
Desde sempre, a imaginação e a utopia dos netos renova e actualiza a experiência dos avós.
Sempre assim foi.
Sempre assim será.
Corria o ano de 2165...
O neto João olhava atentamente o seu sábio avô. A sua curiosidade, como a de todos os jovens, não conhecia limites.
As perguntas atropelavam-se umas às outras.
O velho, pacientemente, ia sintetizando o fulcro da curiosidade juvenil, respondendo-lhe de forma pausada e segura.
-Sabes João, eles não davam nenhum valor à vida, matavam-se uns aos outros por coisas que nunca conseguimos perceber.
Não sei de onde vieram e acho que ninguém sabe.
Antes deles, muito antes, já nós por cá andávamos...
Eram uma praga, disso não há dúvidas. Não respeitavam nada nem ninguém consideravam-se uma raça superior, desprezavam displicentemente as equilibradas leis da Natureza.
Um dia, criaram um poderoso vírus com o objectivo de o usarem para dominar o mundo, eliminando os seus inimigos.
Disseminaram-no e nem se aperceberam que a própria arma era tão letal e rápida, que os dizimou a todos. Incluindo os seus próprios inventores!
O neto não compreendia porque é que esse vírus que matou essa tal raça, não os afectou a eles também, que ali estavam calmamente a conversar, e nem a nenhum dos outros seus familiares espalhados pelo mundo.
O avô explicou ao neto que aquela raça idiota e arrogante, contrariando a Natureza , se esqueceu que esta tem as suas regras e as suas defesas.
A Natureza protegeu todos aqueles que não pertenciam à tal raça hedionda, criando anti-corpos que repeliam o vírus, protegendo-os...
O João, macaquinho simpático, fitou o velho símio acocorado à sua frente no meio da floresta, e perguntou-lhe:
- Que raça era essa avô?
- A raça humana, completamente extinta... – respondeu o velho símio.
Rui Felicio
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ResponderEliminarToda esta história contém uma verdade indesmentível: a humanidade caminha a largos passos para a sua auto-destruição, consciente mas imparável, pela ganância do poder, do dinheiro, do bem-estar inquinado.
ResponderEliminarAs civilizações aprendem e desaprendem, geram riqueza e pobreza, incentivam a guerra e a paz é conseguida através de carnificinas, degladiam-se empunhando bandeiras de utopias que só conduzem a violência, a mente humana é um milagre e uma condenação!
E o coro destes escravos auto-condenados não os redime, nem os salva e caminham a passos largos para o seu próprio aniquilamento.
Ficarão os símios, ainda sábios, ainda inocentes, para voltarem a dar lugar a uma nova Humanidade!
Esta estória premonitória, quase como uma fábula de La Fontaine, numa tentativa de alerta, deixou-me a pensar!
E esse é o grande mérito de uma escrita atenta e inteligente!
Como o gosto de ler, Rui Felício!
Apenas removi o meu comentário pois já o tinha feito no blog EG.
ResponderEliminarAproveito para saudar a Maria Mesquita pelo seu "olhar" tão brilhante quanto preocupante sobre esta temática.
Aliada sou da sua visão tal como sou da do Rui...o ALERTA não chegará mas conjugada com atitudes e comportamentos irá fazer a grande transformação que urge....
Resta-nos a Esperança que os nossos seguidores,netos e outros,sejam activos e invertam esta caminhada!
Alguma utopia é fundamental para prosseguir o caminho da conquista de metas dignas e satisfatórias...
EliminarObrigada, Olinda Rafael, por compreender a minha visão desalentada sobre o Futuro da Humanidade, que quase me esmaga de angústia, não sem me deixar contudo de conservar uma certa Utopia.Como a minha amiga, continuo também a cultivá-la, já que me assusta o Futuro assombrado das gerações vindouras, que são a continuação de nós próprios! Como muito bem diz, que sejam os nossos filhos e netos a saber inverter esta caminhada para o precipício! As luzes de esperança, aqui e além, ainda irão a tempo de salvar o nosso Planeta azul?! Façamos figas, Olinda Rafael, e aguardemos que a mágica delas, vá ajudar a reverter o processo!...
ResponderEliminarAssim o desejamos ardentemente!...
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EliminarO Rui deixou-nos a dialogar...
EliminarMas a sua achega como autor enriqueceria esta nossa conversa.
Maria Mesquita foi um prazer ter tido este diálogo consigo.
Obrigada, Olinda Rafael, por compreender a minha visão desalentada sobre o Futuro da Humanidade, que quase me esmaga de angústia, não sem me deixar contudo de conservar uma certa Utopia.Como a minha amiga, continuo também a cultivá-la, já que me assusta o Futuro assombrado das gerações vindouras, que são a continuação de nós próprios! Como muito bem diz, que sejam os nossos filhos e netos a saber inverter esta caminhada para o precipício! As luzes de esperança, aqui e além, ainda irão a tempo de salvar o nosso Planeta azul?! Façamos figas, Olinda Rafael, e aguardemos que a mágica delas, vá ajudar a reverter o processo!...
ResponderEliminarInfelizmente, tenho dificuldade em alimentar a utopia e através dela alimentar a esperança de que o nosso planeta que adoramos não venha a ter um fim catastrófico.
ResponderEliminarSei que não será na nossa geração nem nas que se lhe seguem.
Mas quando analiso os sinais que estão à frente dos nossos olhos de uma forma pragmática, concluo que todos eles apontam para um fim inevitável.
Por culpa exclusiva do homem...
A sua ganância e sede insaciável de riqueza efémera tem levado:
Ao acelerado e descontrolado consumo dos recursos naturais que são finitos.
À destruição de espécies animais indispensáveis ao equilibrio e renovação ecológica.
Ao abate indiscriminado de árvores e florestas, necessárias ao equilíbrio e renovação atmosférica.
À utilização indiscriminada de pesticidas e hibridismo na agricultura.
Ao fabrico de produtos cujos desperdicios venenosos contaminam os rios e os mares.
À construção desenfreada em cima de lençóis de água, destruindo o bem mais necessário à vida.
À poluição industrial que, paulatinamente, vai destruindo a atmosfera que respiramos.
A sua sede de poder e dominio sobre o semelhante, tem levado:
À construção de armas de destruição maciça.
À invenção e aprovisionamento de armas químicas que matam pessoas e destroem o habitat.
À invenção e aprovisionamento de virus e bactérias artificiais que matam pessoas e animais.
À repescagem da terrivel bomba de neutrões, inventada há 50 anos e cujo fabrico foi abandonado por tratados internacionais, mas que está de novo a ser construida e aprovisionada para uso próximo.
Esta arma, a mais terrífica de todas permite matar todos os seres vivos preservando os bens e riquezas das vitimas em benficio dos seus utilizadores.
Enfim, poderia multiplicar os exemplos dos sinais que fazem de mim um céptico em relação ao futuro da humanidade...
ResponderEliminarO cepticismo está vísceralmente dentro nós provocado pelos descontrolos que bem referes e sentimos na pele...O pragmatismo do quotidiano resfriou-nos demais que a indiferença quase tomou conta de nós embora tívessemos resistido.Mas também somos actores sociais deste drama!
Agora quase só nos preocupamos com os nossos filhos e netos.
Apenas com a fantasia e o sonho,integrados com a utopia conseguiremos alguma vontade para transmitir aos nossos descendentes para encetarem a luta por um mundo melhor.A tal esperança ainda está cá dentro...
Até nós com a nossa provecta idade embora descrentes na tal utopia( eu nem tanto como tu) a ela recorremos para viver o dia a dia do"salve-se quem puder"
O teu contributo foi enriquecedor,reafirmando o teu reflexivo texto.