Web Analytics

quarta-feira, 9 de março de 2011

NO CINEMA

Faltavam poucos minutos para as luzes se apagarem. Sentado na confortável poltrona, da Fila H, nº 7,esperava que chegasse a hora do inicio do filme, naquela moderna sala de cinema.
Apressadamente iam entrando os últimos espectadores, olhando os seus bilhetes e procurando os lugares neles indicados.
Uma jovem bonita, roliça, de curvas pronunciadas, percorreu a fila onde ele estava sentado, olhou, confirmou o lugar e sentou-se na Fila H, nº 9, a seu lado, ajeitando a mini saia que deixava ver umas coxas brancas, bem desenhadas.
Trocaram um olhar fugidio e um sorriso de circunstância, no mesmo momento em que as luzes se apagavam e surgiam no ecran as primeiras imagens do filme.
O cotovelo dele a pouco e pouco foi se encostando ao dela, ambos poisados no braço comum às duas cadeiras. Os seus olhos não se conseguiam despegar das coxas da rapariga, enquanto os braços de ambos se foram gradualmente encostando, sem que da parte dela houvesse nenhum sinal de afastamento ou indisposição. A perna dele a pouco e pouco encostou-se à dela. A respiração dele acelerava, o coração batia desordenadamente quando o ecran ficou negro e as luzes da sala se acenderam para o intervalo.
Afogueado, levantou-se para ir fumar um cigarro, não sem que antes, lhe dirigisse um sorriso que ela devolveu, mostrando uma boca provocantemente sensual que mais o endoideceu.
Voltou para a segunda parte do filme, disposto a levar mais longe os seus desejos. Logo que as luzes se voltaram a apagar, deixou a mão poisar em cima da perna dela. Os dedos iam roçando naquela pele macia, aveludada, devagar, com suavidade... Subiam milímetro a milímetro. Pressionava um pouco na face interior das coxas tentando afastá-las, mas quando isso aconteceu, ela pegou-lhe na mão e afastou-a.
Louco de desejo, ele voltou a colocar-lhe a mão entre as pernas e ela voltou a tirar-lha.
Estes avanços e recuos repetiram-se mais uma, duas, muitas vezes. Da última vez ele chegou mesmo a abafar um surdo gemido de dor, quando ela lhe beliscou a mão com força,  empurrando-a asperamente para longe das suas pernas.
Racionalmente, concluiu que a atitude dela não lhe deixava margem para dúvidas. A rapariga não lhe permitiria mais carícias. Antes que se gerasse algum escândalo que o deixasse atrapalhado, resolveu desistir definitivamente de lhe tocar.
Não fez mais nenhuma tentativa.
Levantou-se e saiu, envergonhado, antes de acabar o filme e sem para ela olhar sequer.
Mal sabia ele que aquela jovem mulher ali a seu lado, pensava de si para si, também ela já doida de desejo, quando o beliscou e lhe afastou a mão:
- Quando ele voltar a tentar, não resistirei mais, vou me abrir e entregar-me às suas carícias...

Rui Felício

3 comentários :

  1. Não sabia que tinhas este blog! Bem ao teu estilo nos textos que leio na fundasão...

    ResponderEliminar
  2. Rui, este texto ainda não está em mais lado nenhum, pois não? Levo-o ;O)

    ResponderEliminar
  3. E ela bem teve que refrear a vontade de lhe pregar um bom par de estalos, ao ver que ele desistiu de a acariciar após aquele estúpido beliscão...
    Só não o fez para evitar o escândalo...

    ResponderEliminar