Em dias de festa trazem nas lapelas,
irrepreensivelmente engomadas, rosas mártires arrancadas a golpes de
navalha dos braços das plantas suas mães, quando desabrochavam de
desejo, quando abriam o seu pólen aos beijos das abelhas.
Não percebem que o escorrer da seiva é a sua morte, que o veludo das suas pétalas ficará ressequido sem ela, que o caixote do lixo imundo acabará por ser o seu destino em poucas horas.
Para alimentarem fábricas de aglomerados de madeira, mutilam as árvores, deformam-nas, matam-nas até.
Enclausuram em campos de concentração plastificados, certas plantas que fenecem saudosas do humus, do sol e da chuva.
Arrasam montes, entulham vales, e destroem nesse frenesim o habitat de milhões de seres queo equilibram a Natureza, para construirem gaiolas onde depois se exilam, vivem e dormem, calafetados do frio, do barulho do vento, dos cheiros do rosmaninho, das flores silvestres, da
terra molhada pela chuva.
Perfuram o solo e extraem das profundezas, até à sua exaustão, os hidrocarbonetos com que alimentam as latas com rodas em que se transportam.
Um dia a terra será oca como uma casca de ovo vazia e calva como a cabeça de um sábio,
Pouco falta para que os rios e os mares se tornem focos de doenças mortíferas, à medida que vão recebendo os detritos venenosos que eles fabricam e produzem.
Não percebem que o escorrer da seiva é a sua morte, que o veludo das suas pétalas ficará ressequido sem ela, que o caixote do lixo imundo acabará por ser o seu destino em poucas horas.
Para alimentarem fábricas de aglomerados de madeira, mutilam as árvores, deformam-nas, matam-nas até.
Enclausuram em campos de concentração plastificados, certas plantas que fenecem saudosas do humus, do sol e da chuva.
Arrasam montes, entulham vales, e destroem nesse frenesim o habitat de milhões de seres queo equilibram a Natureza, para construirem gaiolas onde depois se exilam, vivem e dormem, calafetados do frio, do barulho do vento, dos cheiros do rosmaninho, das flores silvestres, da
terra molhada pela chuva.
Perfuram o solo e extraem das profundezas, até à sua exaustão, os hidrocarbonetos com que alimentam as latas com rodas em que se transportam.
Um dia a terra será oca como uma casca de ovo vazia e calva como a cabeça de um sábio,
Pouco falta para que os rios e os mares se tornem focos de doenças mortíferas, à medida que vão recebendo os detritos venenosos que eles fabricam e produzem.
O olhar da mulher na agonia da
infertilidade doentia, deixará de ser o olhar do amor e passará a
reflectir, baço, a aflição do naufrágio.
Na desmesurada ânsia do lucro, produzirão cada vez mais bens inúteis incentivando o seu consumo escusado.
Para potenciarem o escoamento da sua desenfreada fabricação, emprestarão a altos juros, o dinheiro necessário para que outros comprem as suas inutilidades, ganhando com a venda e ganhando com o crédito.
Na desmesurada ânsia do lucro, produzirão cada vez mais bens inúteis incentivando o seu consumo escusado.
Para potenciarem o escoamento da sua desenfreada fabricação, emprestarão a altos juros, o dinheiro necessário para que outros comprem as suas inutilidades, ganhando com a venda e ganhando com o crédito.
Inventarão dores para venderem
anestésicos, desencadearão guerras para venderem armas, cultivarão
plantas psicotrópicas, para venderem droga, construirão hospitais
para cobrarem altos preços na cura de drogados.
Transformarão a Terra na catedral do sofrimento como fim último da farsa sinistra que representam.
E dizem-se civilizados! E consideram-se racionais! E, pedantes, atribuem-se o epíteto de raça superior!
Transformarão a Terra na catedral do sofrimento como fim último da farsa sinistra que representam.
E dizem-se civilizados! E consideram-se racionais! E, pedantes, atribuem-se o epíteto de raça superior!
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Assim falava o Junior, velho e sábio cão pastor da Serra da Estrela, discorrendo sobre a estupidez humana.
Sim, eles falam. Os cães falam!
Assim os soubéssemos entender...
Rui Felicio
Mas afinal os irracionais são os homens!!!!
ResponderEliminar"Eles" são os racionais...e como sempre falei com os meus cães, estabelecendo por vezes diálogos bem interessantes....entendo-os sim e muito bem!!!!!
Muito bem escrito Rui, gostei muito!
TERESA LOUSADA
Gostaria de comentar em forma de fábula,eu faria o papel dos bichinhos como as líbebulas,as joaninhas,as gazelas e entraria em diálogo com o Junior... mas como não sei escrever a imaginação levou-me até ás deliciosas Aventuras de alice no país das maravihas!
ResponderEliminarSendo tão realista e antecipando o futuro nada bom,hoje,a gozar as aventuras no Mundo dos animais e até consideraria o Junior,meu avô.Pegàva-lhe na pata e,meigamente, conversaríamos muito sobre tudo o que ele pensa e aqui descrito através da tua caneta de tinta permanente, ditada pela tua boa criatividade,conteúdo e forma de escrita.As expectativas não seriam boas mas até podiam ser....
Olha,gostei!
São os animais e as crianças aqueles que vêem com olhos limpidos as desgraças que os presunçosos adultos estão a provocar ao mundo e à Natureza onde se movem, acabando por destrui-la e por se destruirem a si próprios.
EliminarA avidez e a ambição desmedida, tolda-lhes o raciocinio,cega-os e fecha-lhes os ouvidos às palavras e aos sinais que lhes são dados por esses animais e pelas crianças a quem catalogam de seres inferiores ( uns ) e seres ignorantes ( outras ).
Deviamos todos fazer como tu, Olinda.
Despojarmo-nos das nossas falsas superioridades e falarmos, com a fantasia infantil como o fez Alice no Pais das Maravilhas...
Como sempre, todo o corpo do texto transporta-nos pelos trilhos em que o autor nos quer conduzir, levando-nos a percorrer o seu raciocínio claro, suscitando a nossa revolta pelo que está a acontecer ao Planeta Terra!
ResponderEliminarContudo, já faz parte do seu tipo de escrita, apresentar sempre um desfecho inesperado, ironicamente sempre colocado - e bem! - de modo a surpreender-nos. Umas vezes com malícia, outras como lição. Um alerta pertinente e actual aos humanos que tanto se vangloriam dos seus poderes,dos seus dotes, da sua inteligência e um louvor, uma exultação aos cães, que tudo compreendem e intuem, mesmo sem falar, só através da profundíssima compreensão do seu olhar límpido!
Mas se não fosse a palavra, a voz, nunca o Rui Felício poderia ter escrito este tão belo trecho de prosa!...
Que bem te conhece a Maria Mesquita!
EliminarA sua apreciação ao texto do nosso amigo Rui é de uma autenticidade na revelância que dá aos alertas que o Rui faz e que toma também como seus e nós como nossos...
Sinceramente gostei!
Certamente fui abusiva quer para si quer para o Rui intrometer-me e, ainda mais, pelo facto do autor não ter comentado.
Mea culpa para os dois! Mas a minha impulsividade foi mais forte que eu....Não o fiz por indelicadeza.Disso podem ter a certeza.
ResponderEliminarÉ sublime a forma como Rui Felício denuncia a "raça superior" como autora e absoluta responsável da transformação da "Terra na catedral do sofrimento".
E esta cheio de razão, infelizmente.
O "toque" final, para onde transporta as suas próprias reflexões para a doçura de uma fábula, é como que a assinatura do Autor...
Um grande abraço.
Eu - o meu cão é muito esperto. Eu digo-lhe "vens ou não vens?" e ele vem ou não vem.
ResponderEliminarO meu cão - o meu dono é muito esperto. Só lhe falta ladrar!
São Rosas tiraste-me um "pêso" de cima.
EliminarEu "ladro" demais e como não sei as regras do blog do Rui vim e receei ter cometido um erro...
O Rui dirá da sua justiça.
À São Rosas só lhe falta ladrar...
EliminarPorque, quanto ao resto. é Senhora de todos os predicados.
Já para não falar do complemento directo do sujeito... ihihihih
EliminarTens toda razão Olinda, menos numa coisa...
ResponderEliminarEste é um espaço livre e aberto. A tua presençá é motivo para o meu agradecimento e nunca é uma intromissão!
Gosto de te ver por aqui a dizeres o que pensas.
Obrigado Olinda!
Quanto à Maria Mesquita, como já disse antes é uma desconhecida cuja vinda aqui tem mostrado ser uma pessoa de grande capacidade literária que enriquece e dá aos meus despretensiosos contos uma dignidade que não merecem.
Mas que naturalmente me envaidecem...
Por isso me congratulo pela sua vinda que,espero, se torne habitual.
Olha que merecem a dignidade que justamente a Maria Mesquita reconhece!
EliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarSerá sempre um enorme prazer para mim - já que mo permite,Rui Felício - vir espreitar e deliciar-me com a sua escrita, que muito admiro e fazer um ou outro comentário que possa eventualmente considerar oportuno. Isso sempre no pressuposto que granjeio da sua autorização!
ResponderEliminarNão sou propriamente uma desconhecida, já que neste mundo virtual, e até muitas vezes no real, todos mais ou menos o somos...
Também não sou um ET com o seu miraculoso dedinho verde, descido dum Ovni
algures no Alentejo, porque se o fosse tocaria com ele em todos os seres humanos e percorreria o Mundo nessa sublime missão mágica...
Só agora é que fiquei a saber da existência deste maravilhoso blog! E fiquei a saber, depois de ler o teu comentário, no último texto que escreveste no blog do Bairro! Já o adicionei no lado direito do meu Blog, para saber sempre quando há novidades.
ResponderEliminarSobre este texto, já o comentei do FB!... Excelente!
Aquele abraço!
Amigo Alfredo,
EliminarMuito me honram as tuas palavras.
Como sabes e como sabe quem me conhece, não gosto de publicitar as "minhas coisas" e é essa a razão principal porque este blog se mantém na obscuridade.
A outra razão , não menos importante, é porque é aqui que escrevo algumas das histórias que, na altura, acho serem pouco dignas de serem publicadas noutros locais mais visiveis.
Como já aqui tenho dito, é uma espécie de armazém onde as guardo como resultado do meu vicio de escrever, mesmo que seja para as paredes...
O que não significa que não goste que aqui venham pessoas como tu que são capazes de as ler apenas e só pelo prazer de as ler...
Rui, que boa surpresa ver o teu blog tão dinâmico.
ResponderEliminarEm minha opinião, este é um espaço muito mais digno para a tua escrita. Parabéns. E que a inspiração nunca te falte.
Quanto ao tema, a mim não me surpreende esta reflexão canina.
Afinal, são eles hoje em dia que realmente têm oportunidade para pensar e reflectir: nós esfalfamo-nos a trabalhar, a pagar, a usar, a arrumar, a construír e a destruír, a sujar e a limpar, a deitar fora e a arrecadar…
Eu continuo na minha e digo que grande vida têm os cães: comer, passear, dormir e festinhas na cabeça. What else?
Boa Festas, gente amiga.
Margarida.
Obrigado Margarida...
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