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quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

ALMOÇO NO DONA ELVIRA


Um beijinho à Graça Gaspar durante o almoço...

Ainda no Samambaia, o Tonito Dias encarregou-se de marcar mesa, pelo telemóvel, para o almoço de uma dúzia e meia de convivas.
Já no Dona Elvira, tive o privilégio de ficar sentado a seu lado, em frente ao Quito e ao seu e nosso amigo Henrique, de Santo Tirso, que no fim do repasto bem regado, tocou e cantou uma balada de sua autoria, dedicada aos coimbrões do Bairro.
A beleza do poema e da música, comoveram-me de forma indisfarçável. Os olhos humedecidos do Quito mostravam que eu não era o único. Aquela balada foi o catalisador da latente saudade que os risos nervosos não conseguem esconder.
As recordações da nossa juventude no Bairro saltam e tomam vida, de cada vez que se proporcionam estes convívios. A carapaça dos convencionalismos que a vida foi construindo à nossa volta, desaparece. Propositadamente, afastamos o formalismo protector  que as nossas diversificadas actividades nos impuseram. Ainda que por efémeros instantes, voltamos a ter outra vez vinte anos!
Ao meu lado, o Tonito Dias, talvez para disfarçar a sua própria comoção, no fim da balada do Henrique, debitou duas ou três curtas e sintéticas tiradas filosóficas a que nos habituou, proferindo a sentença final:
- Oh companheiros, isto não há dinheiro que pague!
Por coincidência, nesse mesmo momento, a empregada dirigia-se à mesa com a conta.
Ficou surpreendida e sem saber bem o que fazer, quando lhe dissemos, com ar compenetrado:
- Olhe menina, leve lá a conta porque, como aqui estávamos a dizer, “não há dinheiro que pague!”
  
Rui Felício

2 comentários :

  1. Sem dúvida, amigo Felício. Temos vivido momentos de fraternal convívio. E nós, aqueles que não perfilhamos uma visão materalista da vida, temos o privilégio de beber até ao fundo do copo, o néctar das emoções. Percebi isso, nos teus olhos molhados, quando o Henrique dedicou ao grupo, uma singela canção que nos "atingiu" a todos. Emocionei-me também. O Ferrão fêz-se de "duro", sem conseguir, e os olhos dele também brilharam.
    Coimbra, a nossa juventude e o Bairro, são o cimento aglutinador deste caldeirão de emoções.
    Somos pioneiros do Bairro. Amamos o Mondego. Temos no coração uma camisola negra de losango ao peito. Nós, também nós, somos COIMBRA.
    Abraço

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  2. Belas palavras, como sempre, as do meu amigo Quito, sensivel e emérito prosador.
    Tem toda a razão! Coimbra não é uma entidade abstracta. Coimbra somos nós!

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